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segunda-feira, 10 de julho de 2017

Sambistas do Grupo Especial esperam soluções contra o cancelamento dos ensaios técnicos

Por Guilherme Ayupp

A crise entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e as escolas de samba parecia estar próxima do fim com a decisão do prefeito Marcelo Crivella em buscar R$ 6,5 milhões da iniciativa privada para atenuar a perda financeira das agremiações. Parecia, pois a possibilidade de não se realizarem ensaios técnicos atingiu em cheio o coração dos amantes de carnaval. Os ensaios técnicos foram criados no início da década passada com o intuito de realizar um apronto final antes do desfile oficial no Sambódromo. Com o passar dos anos o evento se tornou um dos maiores sucessos do calendário de verão no Rio de Janeiro. Em dias de treinos das grandes escolas o Sambódromo fica lotado, afinal, a entrada é gratuita.

A decisão ainda vai passar por estudos, mas nesta segunda-feira após reunião com o prefeito, a Liesa afirmou que por ora os ensaios técnicos estão suspensos por inviabilidade financeira. Um dos mais preocupados com a situação é Neguinho faz Beija-Flor, que falou à reportagem do CARNAVALESCO sobre a importância do evento.

– O carnaval se transformou no maior espetáculo audiovisual do planeta graças às escolas de samba. Mas esse processo afastou inevitavelmente o povo do festejo. Os ingressos para o desfile são caros e os ensaios técnicos se transformaram na possibilidade de um público mais humilde acompanhar. Acabar com o ensaio técnico é tirar a alegria do povo – questiona.

Como equacionar a importância cultural e turística dos ensaios técnicos com a sua viabilidade financeira. O vice-presidente da Mocidade, Rodrigo Pacheco, procura respostas para a situação.

– Eu acho que é preciso compreensão de que hoje as escolas não arrecadam um centavo com os ensaios e gastam muito. Com essa crise é preciso encontrar uma solução. É claro que como sambista me entristeço. Os ensaios técnicos são muito importantes em diversos aspectos. Na Mocidade corrigimos vários erros através dos ensaios na avenida. Nada está definido ainda e há um longo caminho a percorrer – opina.

Para o diretor de carnaval da Grande Rio, Dudu Azevedo a decisão é um tiro no pé no aspecto da divulgação da festa, mas nem tanto no que diz respeito à técnica de desfile.

– Não acho uma tragédia. São 14 anos de ensaios. O que se perde é a diversão para os amantes. Em termos de técnica de desfile os ensaios de comunidade hoje são mais importantes. O que eu acho é que hoje não é só técnico. Há uma grande quantidade de especialistas que começam a delinear o que vai acontecer no desfile a partir do ensaio técnico. Na balança a perda é maior no aspecto de divulgação e perda de valores – destaca.

Thiago Diogo traz sua opinião para tentar salvar os ensaios técnicos, embora como mestre de bateria não considere fundamental ensaiar na avenida.

– É claro que como sambista eu lamento afinal você tiraria uma das raras oportunidades de se colocar as escolas em contato com o público. Mas tecnicamente falando eu sentiria falta de verdade se fosse a sonorização oficial da avenida. Acho até que a cobrança de um valor simbólico, entre R$ 5 e R$ 10, pudesse viabilizar uma estrutura melhor como essa do som – declara Thiago.

O mestre-sala Phelipe Lemos pede uma solução para o caso mesmo entendendo que tecnicamente não é um evento fundamental para o desenvolvimento do trabalho.

– Acho que tem muitos pontos positivos embora não interfira diretamente no andamento do trabalho. Mas as pessoas que não podem comprar ingressos para o carnaval ficam de fora, isso que eu lamento. E temos um termômetro do que podemos fazer no dia. Sem o ensaio técnico perderíamos isso. Torço por uma solução quanto a isso – finaliza.


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