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segunda-feira, 10 de julho de 2017

Editorial: Não ter ensaio técnico é um tiro no coração do carnaval

Por Redação Carnavalesco

“Cortem-lhe a cabeça”. Assim, a Rainha de Copas ordenou que fizessem com Alice em “Alice no País das Maravilhas”. No mundo mágico do carnaval do Rio de Janeiro, que por mérito recebeu o nome de maior espetáculo da terra, as escolas de samba, após conseguirem reduzir o corte da verba da Prefeitura do Rio de Janeiro de 50% para 25%, agem de forma ainda mais cruel que a Rainha de Copas e determinam: ‘cortem os ensaios técnicos’. A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) ainda não sacramenta a decisão, mas o presidente Jorge Castanheira afirma que neste momento o evento está suspenso.

O site CARNAVALESCO lamenta profundamente tal decisão. Caso isso aconteça será um golpe perfeito, típico de um ceifador, em um dos maiores eventos do carnaval carioca. Os ensaios técnicos viraram o point do verão da cidade. O lugar do sambista apaixonado curtir seu amor, de graça, e sentir o calor e a emoção de ver sua escola de coração no palco principal do sambista, a Marquês de Sapucaí.

Podemos aceitar que atualmente os ensaios técnicos são mini-desfiles e que viraram uma grande competição. E qual é o problema disso? Se as escolas querem ser reconhecidas com profissionalismo devem criar mais e mais eventos, e, através deles, buscar receitas possíveis para viabilizar gastos citados nos ensaios, como transporte dos instrumentos, alimentação para alguns segmentos e carro de som.

Não é possível acreditar que o mundo do carnaval não seja capaz de “comercializar” um setor de arquibancadas da Avenida, durante os ensaios técnicos, para uma operadora de telefonia. Mantendo o local gratuito os sambistas que ficassem na arquibancada teriam que vestir a camisa da operadora e a mesma faria ações de marketing no local. Enfim… apenas uma ideia.

Não é possível acreditar que o mundo do carnaval não consiga parceria com empresas de transporte e com empresas de alimentos. E como será a exposição da marca? Nas camisas das escolas, nos tripés, em placas publicitárias no meio das alas. São muitas possibilidades.

Desde o início da crise entre Prefeitura do Rio de Janeiro e escolas de samba, o site CARNAVALESCO mantém sua postura editorial de defender o carnaval, inclusive, com a criação da série “Não é doação. É investimento”, mas pede que as escolas criem, se reinventem, lutem pelos seus direitos, e não abandonem a maior preciosidade que possuem, o amor incondicional dos sambistas.

Vivemos uma época de crise em todo o país, ética, política, econômica, mas é nesse momento que aparecem ideias e projetos que vão virar cases de sucesso no futuro. A própria imprensa carnavalesca vive seu pior momento. Sites demitindo profissionais por perda de patrocínio, veículos que utilizam colaboradores por não terem como pagar salários, veículos que não conseguem cobrir os eventos. É necessário que aconteça uma força tarefa em prol de todos os setores do carnaval.

De jeito nenhum o mundo do carnaval pode cancelar os ensaios técnicos no Sambódromo. As escolas não estarão simplesmente cortando na própria carne, elas estarão mutilando seu corpo e alma. Um golpe duro demais que atenderá os desejos de uma parcela da população, religiosa ou não, que deseja o menor número possível de eventos carnavalescos.

O site CARNAVALESCO reafirma que editorialmente estará sempre do lado do carnaval, incentivando e, claro, cobrando mais e mais ações.


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